Geralmente cometemos um grande erro achando que primeiro temos que “ter” para “fazer” e só então “ser”. Por exemplo, “ter” um bom emprego e ganhar bem para poder “fazer” tudo que quero e aí sim “ser” feliz. Mas esse caminho é muito difícil de ser percorrido, e talvez até impossível. E se nunca tivermos um bom emprego e nunca ganharmos bem? Nunca seremos felizes? E, pegando ainda esse exemplo, o que é um bom emprego e ganhar bem? Não nos esqueçamos que o ser humano busca sempre mais e mais, como se vivesse (e efetivamente vive!) numa eterna insatisfação, que em doses moderadas é benéfica pois nos impulsiona a corrermos atrás do que desejamos, mas quando exagerada, quando nos leva a querer somente “ter” se torna extremamente contraprodutiva pois nos afasta da tal felicidade que almejamos. Felicidade, essa, que só viria no final disso tudo mas que, por esse ciclo não ter um “final”, acaba ficando cada vez mais para trás … até percebermos ser tarde demais …
A estrada a ser percorrida é exatamente o contrário dessa que achamos ser a correta. Ao invés de “ter-fazer-ser”, o lance é inverter a rota: “ser-fazer-ter”. Ser feliz por quem somos, independente do momento de vida que estivermos passando, o que nos levará a fazer as coisas por prazer e o resultado é que o “ter” será uma consequência. Há que se substituir o “querer/ter” pelo “ser” num exercício diário que pode não ser fácil no início mas aos poucos, com a prática, vai fluindo naturalmente. As sinapses começarão a mudar e o velho comportamento, já obsoleto, será substituído pelo novo.
Somente com um profundo conhecimento de nós mesmos conseguiremos nos olhar com os olhos do coração, enxergar a nossa essência, compreender o nosso íntimo, ser autênticos, nos valorizar, nos libertar dos padrões que nos foram impostos (pela família, pela sociedade, por nós mesmos) e viver a vida como seres únicos e singulares que somos. A autoestima nos ajuda a nos libertarmos da necessidade de aprovação dos demais, da insegurança, do medo de errar, pois entendemos que a perfeição não existe, o que existe é tentarmos nos melhorar naquilo que nos incomoda e não nos compararmos com o outro, afinal cada um vive o seu próprio momento, cada um tem o seu próprio tempo e as experiências que lhes são necessárias para o seu crescimento pessoal. Não temos que forçar a barra mas temos que ser honestos conosco, perceber realmente quem somos, como somos, com os nossos defeitos e as nossas qualidades, perceber o que pensamos, o que realmente queremos da vida, buscar a causa primária do vazio emocional que nos leva a tentar preenchê-lo incessantemente com coisas materais. Que não nos trazem a paz. Aprendermos a nos amar por completo não só nos tornará pessoas mais felizes e realizadas mas também nos permitirá amar os outros e nos deixar envolver pelo amor deles. E esse sim é um ciclo saudável de ser vivido. O ciclo do amor! 💞
Eliana
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“É pelo nosso amor-próprio que o amor nos seduz.
Como resistir a um sentimento que embeleza o que temos,
que nos restitui o que perdemos e nos dá o que não temos?”
(Sébastien-Roch Chamfort)
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