Tempos atrás fiz propaganda virtual para uma candidata a vereadora, a veterinária Andrea Lambert (RJ) que tinha como meta lutar pelos direitos animais, causa a qual se dedica já há muitos anos, e houve quem me criticasse.
Muitas pessoas acham que esse tipo de causa, a dos direitos animais, não é prioritária e que primeiro tem que se resolver os problemas humanos para somente depois se pensar nos animais. Porém, segundo Tom Regan (*), em sua grande maioria as pessoas que dizem isso não fazem absolutamente nada em prol da causa a qual se referem. No máximo ajudam alguma ong, instituição, etc, uma vez por ano (e talvez no Natal quando todos ficam mais solidários obtendo a prazerosa sensação de dever cumprido) e acham que já fizeram a sua parte. Falam que os outros deveriam resolver os problemas do mundo mas não colocam a mão na massa para ajudar no que está ao seu alcance. E ainda criticam os que agem efetivamente.
Os defensores dos direitos animais não vêem os problemas humanos e os problemas animais como coisas separadas e sim como parte de um mesmo processo. Um não anula o outro. Pelo contrário, pode-se, por exemplo, tentar ajudar a combater a fome no mundo (em prol do humanos) e ao mesmo tempo optar por uma alimentação vegana (em benefício dos animais). Ou tentar combater o analfabetismo e optar por não comprar couro, peles, lãs, e assim por diante. Esse é o pensamento dos (em grande maioria) animalistas, mas quem levanta a objeção “vamos resolver os problemas humanitários primeiro” simplesmente não quer ouvir o que eles têm a dizer.
O pior empecilho para qualquer tipo de progresso é uma mente limitada, que não se dá ao trabalho de aprender coisas novas, avaliar novos pontos de vista fora do universo particular que criou em torno de si mesma e achar que é o único existente e certo. A vida nos ensina a cada dia uma nova lição, mas tem quem passe por ela (vida) sem (querer) aprender além do que já sabe, sem abrir seus horizontes.
Sabemos muito bem que existirão sempre desigualdades sociais, exploração dos mais variados tipos, governos corruptos, máfias … e a lista não pára por aí. Dizer, então, que o outro tem que agir como um super-herói e resolver tudo isso magicamente é se colocar numa posição muito cômoda e utópica! E se nada fizer em ajuda, dentro do que lhe é possível, só confirma sua total falta de envolvimento com a própria questão levantada. Desde sempre essas questões são tidas como relevantes e vão continuar sendo e estão longe de serem resolvidas. Daí a necessidade de se agir em conjunto visando outras prioridades, como os direitos dos animais, afinal todos têm seu espaço no mundo, humanos e animais irracionais, todos são “sujeitos de uma vida” (*) e conseqüentemente todos precisam de alguém que lute por seus direitos para que estes não sejam violados arbitrariamente.
Eliana
(*) Tom Regan é autor do livro “Jaulas Vazias – Encarando o Desafio dos Direitos Animais”. Para ele os animais não-humanos são “sujeitos-de-uma-vida” exatamente como os seres humanos e devem ser valorizados e respeitados de igual maneira. Recomendo a leitura. 😉
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“Os animais não-humanos são ‘sujeitos-de-uma-vida’ exatamente como os seres humanos, e se aceitamos a idéia de dar valor à vida de um ser humano independente do grau de racionalidade do mesmo, então devemos dar o mesmo valor à vida dos animais não-humanos.”
(Tom Regan)
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